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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O DESCONHECIDO DO LAGO (L’Inconnu du Lac) de Alain Guiraudie

Um lago no meio de um bosque; local de eleição de vários gays que se despem à beira da água e que se aventuram em engates no meio do arvoredo. Franck, um jovem gay à procura do próximo engate, mete conversa com Henri, um homem solitário que não assume a sua sexualidade. Entretanto Franck vislumbra Michel, um novo frequentador do local, e fica interessado neste, só que ele tem um namorado. Dias mais tarde Michel afoga o seu namorado, sem saber que Franck o observa, mas nem assim este perde a atracção por ele.

Acho que posso dizer que este filme se trata de um thriller gay, a roçar o soft-core e com algumas cenas mais ousadas. A história é interessante e gostei do facto do “desconhecido do lago” poder ser qualquer um dos seus personagens principais, pois pouco ou nada sabemos deles e eles pouco ou nada sabem uns dos outros. Tal como um inspector da polícia os interroga, como é que é que é possível fazerem sexo uns com os outros sem sequer saberem os seus nomes. Nesse aspecto o realizador Alain Guiraudie não teve qualquer tipo de preconceitos em mostrar a realidade crua e sexual de um certo estilo de vida gay. Pode chocar, mas é verdade!

Outra coisa que me agradou é o desejo de morte revelado, directa e indirectamente, pelo trio de personagens principais. O facto de Franck não estar minimamente preocupado em fazer sexo sem preservativo é disso sinónimo. O problema do filme é que na sua primeira parte pouco ou nada acontece. A acção arrasta-se por muitas cenas de engate e sexo, algumas sem dúvida excitantes, e pouco mais. A nudez é revelada sem tabus, bem como o sexo. Noutros tempos o filme levaria o carimbo “este filme contém cenas eventualmente chocantes”. Mais perto do final, ganha uma atmosfera ameaçadora que podia ter sido mais bem explorada e que devia ter começado mais cedo.

Como Franck, Pierre Deladonchamps entrega-se sem receios às cenas de sexo e a sua paixão/medo é bem construída. O sexy Christophe Paou é o perigoso Michel; ele emana sexo por todos os seus poros e não é de estranhar que seja um objecto de desejo. Por fim temos Patrick d’Assumçao como Henri, o personagem mais interessante dos três, a que d’Assumçao dá a credibilidade necessária.

O filme ganhou a Palma Queer no Festival de Cannes deste ano, mas isso não fez dele um grande momento de cinema. Foi feito a pensar no público gay e com as suas, por vezes, gratuitas cenas de sexo, duvido que desperta a atenção do outro público. Classificação: 7 (de 1 a 10)

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