Um lago no
meio de um bosque; local de eleição de vários gays que se despem à beira da
água e que se aventuram em engates no meio do arvoredo. Franck, um jovem gay à
procura do próximo engate, mete conversa com Henri, um homem solitário que não
assume a sua sexualidade. Entretanto Franck vislumbra Michel, um novo
frequentador do local, e fica interessado neste, só que ele tem um namorado.
Dias mais tarde Michel afoga o seu namorado, sem saber que Franck o observa, mas
nem assim este perde a atracção por ele.
Acho que
posso dizer que este filme se trata de um thriller gay, a roçar o soft-core e
com algumas cenas mais ousadas. A história é interessante e gostei do facto do
“desconhecido do lago” poder ser qualquer um dos seus personagens principais,
pois pouco ou nada sabemos deles e eles pouco ou nada sabem uns dos outros. Tal
como um inspector da polícia os interroga, como é que é que é possível fazerem
sexo uns com os outros sem sequer saberem os seus nomes. Nesse aspecto o
realizador Alain Guiraudie não teve qualquer tipo de preconceitos em mostrar a
realidade crua e sexual de um certo estilo de vida gay. Pode chocar, mas é
verdade!
Outra coisa
que me agradou é o desejo de morte revelado, directa e indirectamente, pelo
trio de personagens principais. O facto de Franck não estar minimamente
preocupado em fazer sexo sem preservativo é disso sinónimo. O problema do filme
é que na sua primeira parte pouco ou nada acontece. A acção arrasta-se por
muitas cenas de engate e sexo, algumas sem dúvida excitantes, e pouco mais. A
nudez é revelada sem tabus, bem como o sexo. Noutros tempos o filme levaria o
carimbo “este filme contém cenas eventualmente chocantes”. Mais perto do final,
ganha uma atmosfera ameaçadora que podia ter sido mais bem explorada e que
devia ter começado mais cedo.
Como Franck,
Pierre Deladonchamps entrega-se sem receios às cenas de sexo e a sua
paixão/medo é bem construída. O sexy Christophe Paou é o perigoso Michel; ele
emana sexo por todos os seus poros e não é de estranhar que seja um objecto de
desejo. Por fim temos Patrick d’Assumçao como Henri, o personagem mais interessante
dos três, a que d’Assumçao dá a credibilidade necessária.
O filme ganhou a Palma Queer no Festival de Cannes deste
ano, mas isso não fez dele um grande momento de cinema. Foi feito a pensar no
público gay e com as suas, por vezes, gratuitas cenas de sexo, duvido que
desperta a atenção do outro público. Classificação:
7 (de 1 a 10)
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