Será que ainda acreditamos no amor? É verdade, a maioria de nós deseja, ou acredita que deseja, ter uma relação estável, onde se sinta confortável e, de certa forma, seguro.
Todos sabemos que não há relações perfeitas; nem príncipes, princesas ou ursos encantados. Mas isso não nos impede de sonhar com o tipo de pessoa que gostaríamos de ter ao nosso lado. Cada um de nós tem um tipo físico pelo qual se sente atraído e isso não faz de nós preconceituosos ou menos inclusivos. Felizmente, não gostamos todos do mesmo e, muitas vezes, acabamos por sentir química com alguém que até pode não corresponder com a imagem que críamos na nossa cabeça.
Para mim, o mais importante é que haja empatia e química entre as duas pessoas; sem isso, duvido que alguma relação possa sequer iniciar-se. Para que esta possa ter algum futuro, é necessário que haja respeito mútuo e honestidade; uma mentira pode deitar tudo a perder. Apesar da opinião contrária de alguns, o sexo é muito importante e se a relação não funcionar nesse campo, então o melhor é ficarmo-nos pela amizade. Sim, às vezes, a fronteira entre o amor e a amizade é muito ténue e pode baralhar-nos.
Por razões que até acho que fazem sentido, conforme vamos ficando mais velhos (sou um cota de 56 anos), a hipótese de ter uma relação parece tornar-se cada vez mais difícil. Com o avançar da idade vamos criando os nossos hábitos e rotinas, as nossas defesas, há coisas para que já não temos paciência, já não estamos muito dispostos a alterar a nossa forma de ser e estar, fazer concessões já não é tão fácil, somos mais cautelosos e menos crentes. Será que isto faz de nós pessoas egoístas, cínicas e descrentes quanto ao amor? Acho que, acima de tudo, todos temos medo de nos magoarmos e de magoar os outros. Infelizmente, acredito que todos nós, já estivemos nos dois lados desta moeda.
Mas se não arriscamos, o que nos resta? Engates inconsequentes nas aplicações ou redes sociais? Sim, podem ser excitantes, mas também podem ser angustiantes. Podem fazer-nos sentir desejados, mas também nos podem fazer sentir vazios. Podem proporcionar-nos um momento de pura diversão, mas também podem revelar-se uma seca. Podem ser uma agradável surpresa, mas também podem ser uma grande decepção. Tudo sentimentos legítimos que muitos de nós já sentiram e que iremos sentir outra vez. Tudo isto faz-nos sentir vivos, o que é muito bom!
Encontrar alguém que encaixe na nossa vida não é fácil, mas fechar a porta não nos leva a lado nenhum a não ser à solidão. Claro que esta também tem as suas vantagens e quando se tem bons amigos, aprendemos a viver com ela. Mas, muitas vezes sentimos falta de ter alguém com quem partilhar as pequenas coisas da vida: dar a mão no escuro do cinema, trocar um olhar cumplice, dormir em conchinha... E depois há o sexo com emoção, carinho, desejo e amor. Sim, temos que continuar a abrir a porta, mas com cuidado, para ninguém se magoar.
O importante é nunca faltarmos ao respeito a nós próprios, nem ao outro, nunca deixarmos de ser quem somos e não exigir que os outros mudem a nosso gosto. Somos todos diferentes e cada um tem a sua forma de amar, de gostar. Não temos que aceitar nada que nos faça sentir desconfortáveis, nem que vá contra a nossa essência. Acima de tudo, perceber que não somos obrigados a aceitar nada, mas sim a respeitar as diferenças que no fundo definem quem nós somos.
Não sei se um dia se perde a capacidade de amar, mas quero acreditar que não. Pode não ser como as paixões que vemos nos filmes ou lemos nos romances, mas é um sentimento que nos faz sentir vivos, por vezes tristes, por vezes felizes, mas vivos! That’s life!
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