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domingo, 21 de abril de 2019

BOY ERASED de Joel Edgerton

A História: Jared é o jovem filho de um pastor Baptista. Quando os pais ficam a saber que ele é homossexual, com o apoio dos anciãos da sua igreja, enviam-no para um programa de conversão gay num centro financiado por essa mesma igreja

O Filme: Este drama teve estreia marcada nos nossos cinemas para Março deste ano, mas infelizmente não conseguiu chegar aos nossos ecrãs. Vá lá perceber-se os critérios dos nossos “queridos” distribuidores de cinema...

Mais conhecido como actor, Joel Edgerton (que aqui desempenha o papel do “guru” do centro de conversão) adapta ao cinema a autobiografia de Garrard Conley e dá-nos um filme revoltante, que nos faz pensar que direito têm os outros de forçar a alguém a negar a sua verdadeira natureza e a ser infeliz toda a sua vida. Esta moda da terapia de conversão de gays em pessoas “normais” é doentia e tem alastrado de forma assustadora. O retrato aqui nos dado por Edgerton é por vezes violento, revelando o pouco cristianismo usado no tratamento a que são submetidos os jovens. Numa das cenas mais fortes, uma família (pai, mãe e irmã pequena) batem na cabeça do seu filho gay com uma bíblia, em frente do grupo de conversão. A cena da violação de Jared também é incomodativa.

Como devem calcular, Jared consegue, com a ajuda da sua mãe, abandonar a terapia e acaba por ter uma vida normal. Mas o que importa a Edgerton é mostrar todo o processo absurdo de conversão e o acordar sexual de um jovem criado no seio de uma família muito religiosa, algo com que eu facilmente me identifiquei (“Fantasmas Religiosos”).

A liderar o excelente elenco, Lucas Hedges, apesar de igual a si próprio, convence como Jared e Russell Crowe volta à boa forma como o pai dividido entre a sua fé e o amor que sente pelo seu filho. Joel Edgerton é o irritante e homofóbico “guru”, (spoiler) que no fundo não passa de um gay frustrado. Mas é Nicole Kidman quem mais brilha, como a luminosa, forte e emotiva mãe; sem dúvida uma das suas melhores interpretações, que lhe valeu alguns prémios como melhor actriz secundária. 

Não o nego, o filme é, no meu ver, demasiado envergonhado no que toca a sexo, mas sei que isso também não é o mais importante para a história, mas um pouco mais de tensão sexual podia torná-lo mais apelativo ao público LGBT, mas acho que os produtores não quiseram arriscar chocar o público em geral. Seja como for, é um bom filme, que me irritou, e que acho é de visão obrigatória. Espero que, mais tarde ou mais cedo, acabe por chegar aos nossos cinemas ou aos clubes de vídeo do MEO, NÓS e companhia. 

Classificação: 7 (de 1 a 10)








2 comentários:

  1. Infelizmente não vi e pelos vistos não irei ver, pois em portugal dificilmentechegam filmes lgbt em formato dvd ou blu ray... cada vez mais sinto que apesar do 25 de Abril ainda vivemos um bocado ( grande) em ditadura.. porque tudo o que sai da " norma" não chega cá, sejam filmes, musica ou livros...

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  2. Pois é João, tens toda a razão. Este filme até chegou a estar anunciado para estrear nos cinemas, mas depois desapareceu completamente. Uma pena.

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