Diego é um fotógrafo de moda, que tem uma relação feliz
com o seu namorado Fabrizio e uma relação praticamente inexistente com o seu
filho de 16 anos, Armando. Quando menos espera, o seu filho chega a sua casa
para passar uma temporada com ele e o seu namorado é vítima de um violento
ataque por parte de um grupo de homofóbicos.
No início deste ano, esta co-produção entre a Venezuela e
Espanha, ganhou o Goya (para quem não souber, é o prémio espanhol equivalente
ao Óscar) para Melhor Filme Iberoamericano e, tendo em conta o tema retratado,
deve ter sido uma vitória controversa.
Em menos de duas horas, o realizador Miguel Ferrari
consegue retratar de forma eficaz alguns temas ditos polémicos: uma relação
gay, um gay com um filho, um transsexual de sucesso, um violento acto
homofóbico, a posição da família quanto à homossexualidade, uma mulher vítima
de violência doméstica, modelos de moda anorécticos e uso de identidades falsas
na internet. Conseguir isto tudo sem cair na lamechice ou no lado didáctico,
mantendo um simpático sentido de humor, é prova que Ferrari é um bom
realizador, capaz de nos prender com a sua história e cativante galeria de
personagens.
Confesso que a sequência em que Fabrizio é espancado
pelos homofóbicos, é de uma grande crueza e me abalou um bocado. Por outro
lado, tem momentos muito bonitos como o bailado inicial, ou emocionais como o
tango dançado por Armando e a sua amiga.
Um jeitoso e sexy Guillermo García convence como Diego,
um homem que quer passar uma imagem quase frívola, mas que no fundo luta com os
seus próprios demónios. Ignacio Montes vai bem como seu filho Armando e Hilda
Abrahamz é a fabulosa Delirio del Rio, o amigo transexual de Diego. O restante
elenco dá cor e vida às personagens que os rodeiam, com destaque para um
simpático Sócrates Serrano como Fabrizio e Alexander Da Silva como o odioso
líder do grupo homofóbico.
Não posso dizer que seja um filme excelente, mas segue-se
sempre com interesse e facilmente se cria empatia com as personagens. Classificação: 7 (de 1 a 10)
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