No início dos
anos 80, Ned Weeks, um activista gay, tenta chamar a atenção para uma nova
doença que está a destruir a comunidade gay. Mas com excepção da Dra. Emma
Brookner, que acredita estar perante uma
nova e mortal epidemia, parece que ninguém quer ouvir a verdade. Entretanto Ned
conhece Felix Turner, e os dois apaixonam-se.
Foi preciso um
canal da televisão com “ tomates” para finalmente transformarem esta peça de
sucesso de Larry Kramer num filme. A acção passa-se em Nova Iorque no início da
década de 80, altura em que a SIDA ainda era uma doença misteriosa de que
ninguém queria falar e onde o desconhecimento das suas causas e a homofobia
tiveram um papel grave na sua disseminação. Tudo isto é mostrado sem medos pelo
realizador Ryan Murphy, e consegue por vezes ser chocante ver a forma como as
pessoas reagiam à doença ou mesmo como a comunidade gay preferia ignorar os
factos a ter que alterar os seus hábitos sexuais. Um das cenas mais fortes é
relacionada com a forma como é tratado o corpo de uma vítima perante o olhar
impotente da sua mãe e do seu amante.
Mas o filme é
mais que um mero relatar dos primeiros tempos da SIDA, pois no seu interior
existe uma comovente e trágica história de amor, que torna tudo muito mais
pessoal e emocional. É difícil não nos sentirmos revoltados com a forma como os
personagens são tratados e sentirmo-nos emocionalmente ligados a eles.
Um elenco de
gente conhecida e talentosa dá vida a um excelente grupo de personagens. Como
Ned, Mark Ruffalo dá-nos uma das suas melhores interpretações e Matt Bomer é
uma verdadeira surpresa como Felix, tendo justamente ganho o Globo de Ouro para
Melhor Actor Secundário num filme feito para televisão. Jim Parsons, Taylor
Kitsch, Joe Mantello (que fez de Ned na produção da Broadway e ganhou o Tony de
Melhor Actor pela sua interpretação) e Alfred Molina estão todos em excelente
forma. Uma “desglamorizada” Julia Roberts surpreende pela positiva como a Dra.
Emma.
Das festas
alegres aos corredores dos hospitais, com realismo, sem vergonhas e com um
profundo carinho pelos seus personagens, este é um filme que devia ser visto
por toda a gente, independentemente da sua orientação sexual. Infelizmente,
anos depois, algumas coisas não mudaram assim tanto. Classificação: 8 (de 1 a 10)
Sem comentários:
Enviar um comentário