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terça-feira, 20 de janeiro de 2015

UM CORAÇÃO NORMAL (The Normal Heart) de Ryan Murphy

No início dos anos 80, Ned Weeks, um activista gay, tenta chamar a atenção para uma nova doença que está a destruir a comunidade gay. Mas com excepção da Dra. Emma Brookner,  que acredita estar perante uma nova e mortal epidemia, parece que ninguém quer ouvir a verdade. Entretanto Ned conhece Felix Turner, e os dois apaixonam-se.

Foi preciso um canal da televisão com “ tomates” para finalmente transformarem esta peça de sucesso de Larry Kramer num filme. A acção passa-se em Nova Iorque no início da década de 80, altura em que a SIDA ainda era uma doença misteriosa de que ninguém queria falar e onde o desconhecimento das suas causas e a homofobia tiveram um papel grave na sua disseminação. Tudo isto é mostrado sem medos pelo realizador Ryan Murphy, e consegue por vezes ser chocante ver a forma como as pessoas reagiam à doença ou mesmo como a comunidade gay preferia ignorar os factos a ter que alterar os seus hábitos sexuais. Um das cenas mais fortes é relacionada com a forma como é tratado o corpo de uma vítima perante o olhar impotente da sua mãe e do seu amante.

Mas o filme é mais que um mero relatar dos primeiros tempos da SIDA, pois no seu interior existe uma comovente e trágica história de amor, que torna tudo muito mais pessoal e emocional. É difícil não nos sentirmos revoltados com a forma como os personagens são tratados e sentirmo-nos emocionalmente ligados a eles.

Um elenco de gente conhecida e talentosa dá vida a um excelente grupo de personagens. Como Ned, Mark Ruffalo dá-nos uma das suas melhores interpretações e Matt Bomer é uma verdadeira surpresa como Felix, tendo justamente ganho o Globo de Ouro para Melhor Actor Secundário num filme feito para televisão. Jim Parsons, Taylor Kitsch, Joe Mantello (que fez de Ned na produção da Broadway e ganhou o Tony de Melhor Actor pela sua interpretação) e Alfred Molina estão todos em excelente forma. Uma “desglamorizada” Julia Roberts surpreende pela positiva como a Dra. Emma.

Das festas alegres aos corredores dos hospitais, com realismo, sem vergonhas e com um profundo carinho pelos seus personagens, este é um filme que devia ser visto por toda a gente, independentemente da sua orientação sexual. Infelizmente, anos depois, algumas coisas não mudaram assim tanto. Classificação: 8 (de 1 a 10)









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