Scott
Thorson é um jovem provinciano que fica fascinado pela personalidade de
Liberace; este por sua vez fica encantado com os atributos físicos de Scott e
convida-o para ir trabalhar como seu acompanhante. Entre os dois nasce uma
relação de amor, sexo e traição que dura cerca de 6 anos, mas tudo às
escondidas do público que adora o talento de Liberace.
Nunca me
passou pela cabeça que um dia iria ver o Michael Douglas e o Matt Damon a
fazer, e muito bem, de duas bichas dos anos 70. Baseado na vida do grande
Liberace, este filme é um dos mais arrojados dramas que tenho visto nos últimos
anos. O realizador Steven Soderbergh não esteve com receios e mostra tudo sem
complexos, não deixando dúvidas sobre o teor da relação de Liberace com Scott.
A ajudá-lo tem duas estrelas de Hollywood que não tiveram medo de dar vida a
estes personagens e que mostram não ter qualquer tipo de problema com a sua
sexualidade. É uma pena que para conseguir fazer este filme, Soderbergh tenha
tido que se voltar para o canal de televisão HBO, pois nenhum estúdio de
Hollywood teve "tomates" para arriscar produzir este projecto.
Como Scott,
Matt Damon está óptimo e o facto de parecer estar pouco à vontade nas cenas
mais ousadas deve-se ao personagem que interpreta, um rapaz que se afirma como
bissexual e que tem problemas em aceitar a sua patente homossexualidade. Quanto
a Michael Douglas, o seu Liberace é “maior que a vida” e encarna o seu
personagem na perfeição; é daquelas interpretações que ficam para a história e
é notório o gozo que lhe deve ter dado fazer este filme. No elenco tenho ainda
que mencionar a presença de Rob Lowe, hilariante como o cirurgião plástico de
Liberace, e a veterana Debbie Reynolds completamente irreconhecível como a mãe
de Liberace e que nos dá uma interpretação deliciosa. É uma pena este filme não
ter estreado nos cinemas nos Estados Unidos (imagino porquê!), pois caso
contrário tenho a certeza que Douglas, Damon e Reynolds teriam merecidas
nomeações aos Oscars. Também a nível de maquilhagem e guarda-roupa o filme
merece Óscar.
Muito sinceramente, espero que o grande público não se
retraia de ir ver o filme por achar que é só para gays. É verdade que algumas
pessoas poderão sentir-se pouco à vontade com as cenas mais ousadas, mas é um
excelente retrato dos anos 70, recheado de grandes interpretações e conta uma
história de amor diferente do que é usual. Não é uma obra-prima, mas sem dúvida
que Soderbergh é um mestre a contar histórias e a dirigir actores. Classificação: 7 (de 1 a 10)
Sem comentários:
Enviar um comentário