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domingo, 8 de setembro de 2024

QUEER LISBOA 2024: OS CARTAZES

A 28ª edição do QUEER LISBOA – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA QUEER, irá decorrer de 20 a 28 de Setembro no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa em Lisboa.

Aqui vos deixo uma galeria com os cartazes de praticamente todas as longas-metragens (ficção e documentários) que vão ser exibidas no decorrer do Festival, bem como de muitas curtas-metragens. 

Aqui fica o link para o site do Festival: queerlisboa.pt















sábado, 25 de maio de 2024

ESTRANHO AMOR (Stranizza D’Amuri) de Giuseppe Fiorello

Sicília 1982. Algures numa pequena localidade, dois adolescentes apaixonam-se um pelo outro, enfrentando a homofobia e preconceito de todos, incluindo as suas famílias, tentando viver um amor cujo futuro parece estar condenado.

Talvez seja um pouco longo, mas somos facilmente conquistados pela genuína inocência e ingenuidade dos jovens Samuele Segreto e Gabriele Pizzurro como Gianni e Nino. Torcemos pelo seu amor, perante uma sociedade que não só não os aceita, como age com violência perante a situação, como se tivessem medo deste “estranho” amor. Supostamente inspirado num caso real, é um aviso que a homofobia é real e, infelizmente, continua por aí, com tendência para piorar. Vamos ter esperança que histórias como esta possam ter finais felizes.

Classificação: 6 (de 1 a 10)













terça-feira, 12 de março de 2024

CULPADO - INOCENTE - MONSTRO (Kaibutsu / Monster) de Kore-eda Hirokazu

A História: Uma mãe procura respostas que justifiquem o comportamento estranho do seu filho Minato, que tudo indica ser vítima de actos de violência por parte de um dos seus professores

O Elenco: Sakura Andô é muito boa como a mãe preocupada e Eita Nagyama vai muito bem como o professor suspeito. Mas o filme pertence, por direito, a Soya Kurokawa como Minato e Hinata Hiiragi como seu amigo Yori.

O Pior do Filme: O facto de poder passar despercebido nos nossos cinemas e poder ser ignorado pela comunidade Queer.

O Melhor do Filme: A cena na sala de música entre Minato e a diretora da escola é um momento comovente e cheio de significado, que culmina com a frase “If only some people can have it, that’s not happiness. That’s just nonsense. Happiness is something anyone can have” (Se apenas algumas pessoas a podem ter, então não é felicidade. É apenas um disparate. Felicidade é algo que todos podem ter.)

Veredicto Final: O argumento da autoria de Yûji Sakamoto, justamente premiado com o prémio de Cannes nessa categoria, está muito bem construído, mostrando-nos três perspectivas da mesma história. Primeiro (CULPADO) pelo lado de uma mãe preocupada que condena um professor; segundo (INOCENTE) pelo lado de um professor culpado de algo de que provavelmente não tem culpa; terceiro (MONSTRO) pelo lado de uma criança que sente que não é igual aos outros. Pegando nestas três perspectivas, o realizador Kore-eda Hirokazu dá-nos um drama humano com tons de thriller, que nos cativa, sensibiliza e, por vezes, nos comove.

O facto do filme ter ganho em Cannes a Queer Palm, revela que no seu âmago estamos perante uma história sobre a descoberta de sentimentos supostamente pouco normais, que leva a que os miúdos achem que possam ser uns monstros. Mas é uma bonita história sobre amizade e aprendermos a ser quem somos. Recomendo.

Classificação: 7 (de 1 a 10)










sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

DEIXA-TE DE MENTIRAS (Arrête Aves Tes Mensonges) de Olivier Peyon

A História: O escritor Stéphane Belcourt regressa à sua terra natal, Cognac, pela primeira vez em 35 anos. O motivo da sua visita é para promover uma destilaria. Aí conhece Lucas, filho de um colega da sua adolescência por quem teve uma grande paixão e viveu o seu primeiro amor, trazendo-lhe muitas recordações desses anos passados.

O Elenco: Guillaume de Tonquédec dá-nos um Stéphane amorfo que parece despertar para a vida ao conhecer Lucas; no papel deste, o simpático e atraente Victor Belmondo prova que neto de “peixe sabe nadar” (o seu avô é o famoso Jean-Paul Belmondo). Como os adolescentes apaixonados, Jérémy Gillet e Julien De Saint Jean (que é um dos delinquentes do O PARAÍSO) assumem a sua relação primeiro de forma muita física e depois carinhosa, sem vergonha, nem tabus, mas com talento. Uma última palavra para a presença forte de Guilaine Londez como Gaëlle, a responsável pela visita de Stéphane.

O Pior do Filme: Pensando bem, não tenho nada a apontar... não me importava de ter visto mais umas cenas íntimas dos rapazes, mas na verdade também não fazem falta.

O Melhor do Filme: O emocional discurso final de Stéphane, em que este deixa de dizer mentiras.

Veredicto Final: Oliver Peyon dá-nos um comovente filme sobre o primeiro amor, sobre a vergonha de se ser homossexual num meio pequeno e como, por muito que tentemos e nos “forcem”, não conseguimos fugir a quem somos. Peyon filma sem medo de nos mostrar o amor dos dois jovens e a felicidade deles, principalmente do jovem Stéphane, é evidente. A relação que se cria entre o escritor e Lucas é muito bem construída, num crescendo dramático que termina com o discurso final. Um dos melhores filmes de temática gay que tenho visto nos últimos anos. A não perder!

Classificação: 8 (de 1 a 10)



O PARAÍSO (Le Paradis) de Zeno Graton

A História: Num reformatório para adolescentes, Joe e William conhecem-se e apaixonam-se, algo que não é permitido no reformatório e que os leva a ter que infringir a lei.

O Elenco: Os jovens Khalil Bem Gharbia (era o objecto de afecto no PETER VON KANT) e Julien De Saint Jean têm sensualidade para dar e vender e o desejo que sentem um pelo outro é palpável e convincente.

O Pior do Filme: Os personagens adultos podiam ter mais força, principalmente Sophie que parece ser a mais próxima de Joe.

O Melhor do Filme: As cenas em que partilham o seu amor através da parede dos seus quartos.   

Veredicto Final: Um retrato crú da realidade que os delinquentes juvenis vivem e a assustadora ausência de saída para as suas vidas. Que num meio destes nasça uma história de amor é por si só quase um milagre e, sem cair em lamechices, o realizador Zeno Graton filma os seus personagens com carinho, respeito e sensibilidade. Talvez por isso seja fácil sentirmo-nos preocupados com o seu destino.

Classificação: 6 (de 1 a 10)





domingo, 28 de janeiro de 2024

DOCE PESAR (Good Grief) de Dan Levy

A História: No Natal, o marido de Marc morre num acidente de carro. Um ano mais tarde Marc descobre que Marc tinha um apartamento em Paris, bem como um amante, e decide fazer uma visita ao mesmo na companhia dos seus dois melhores amigos.

O Elenco: O trio principal de actores (Dan Levy, Ruth Negga e Himesh Patel) é muito irritante e cabe a Celia Imrie, num papel secundário, salvar a “honra do convento”.

O Pior do Filme: É impossível sentir qualquer tipo de empatia com os três personagens principais. São arrogantes, pretenciosos e pedantes!

O Melhor do Filme: As cenas em que Celia Imrie, como a advogada de Marc, aparece.

Veredicto Final: Esta comédia dramática de temática LGBT+ parece um projecto vaidoso do seu argumentista/actor Dan Levy, que se estreia aqui na realização de longas metragens. A história tinha pernas para andar, mas os diálogos forçados, o humor falhado e a falta de química entre todos (para já não falar do constante sorriso condescendente de Levy) fizeram-me perder o interesse. Não é péssimo, nem propriamente chato, mas ficou longe de me conquistar. Eu sei que são poucos os filmes LGBT+ que chegam por cá, mas isso não faz com este seja bom.

Classificação: 3 (de 1 a 10)



segunda-feira, 13 de novembro de 2023

NUOVO OLIMPO de Ferzan Özpetek

Pietro e Enea conhecem-se nos corredores do cinema Nuovo Olimpo e apaixonam-se um pelo outro; mas um futuro encontro é interrompido por uma manifestação e um acidente que impede Pietro de comparecer ao encontro. Os anos vão passando e, apesar do amor que os une, a sua vida é feito de desencontros, até que um dia...

Felizmente, o cinema LGBT vai ganhando força e os produtores perdendo a vergonha de, neste caso, mostrar o amor entre dois homens. Filmado com sensibilidade por Ferzan Özpetek (responsável também por LA DEA FORTUNA, MINE VAGANTI e LE FATE IGNORANTI), tem em Andrea Di Luigi (Pietro) e Damiano Gavino (Enea) o par perfeito, com muita química e romantismo, filmados sobre uma nostálgica luz. Os personagens secundários que os rodeiam formam uma interessante galeria onde se destaca Luisa Ranieri como Titti, a mulher que vende bilhetes no cinema, Greta Scarano como a esposa de Pietro e Aurora Giovinazzo como a amiga de Enea.

É impossível não torcemos para que os jovens se voltem a encontrar e a viver a sua grande paixão. Mas a vida real não é fácil e nesse aspecto o filme não procura respostas fáceis. No que o realizador peca é pelo facto de todos os moços terem corpinhos perfeitos, perpetuando assim o mito criado pelo cinema porno-gay. Outro ponto negativo é o trabalho de maquilhagem que vai envelhecendo os personagens, que podia ser bem melhor.

Estes dois pontos à parte, o filme é todo ele muito cinematográfico e Özpetek sabe muito bem filmar o seu elenco e Roma parece uma cidade mágica. As cenas do interior do Nuevo Olimpo são excelentes e levam-nos a um tempo em que não havia redes sociais e os engates aconteciam, entre outros locais, nas salas, corredores e casas-de-banho dos cinemas. Eram tempos mais divertidos e excitantes, captados com nostalgia por Özpetek. Recomendo!

Classificação: 7 (de 1 a 10)