A História: O pequeno Marvin Bijoux,
devido à sua patente homossexualidade, é vítima de bullying na escola e mantém
segredo de tudo isso em casa. Com a ajuda da directora da escola, vai
frequentar um curso de teatro e já adulto encena uma peça sobre a sua infância.
O Filme: O jovem Marvin deste
filme é o completo oposto do Elio de CALL ME BY YOUR NAME. Para ambos não é
fácil “saírem do armário”, mas enquanto Elio tem o apoio incondicional da sua
família, Marvin tem que fugir da sua família para se poder afirmar. A família
de Elio é culta e endinheirada, a de Marvin pobre e com um baixo nível de
educação.
Este drama de Anne Fontaine dá-nos um retrato mais
realista sobre a vida de um jovem gay, sem o romantismo ou a poesia de CALL MEBY YOUR NAME. Mas isso não faz do seu filme uma melhor obra. Fontaine peca por
arrastar a história sem necessidade de o fazer e perde-se por vezes em
reflexões ditas profundas que roçam o pretensiosismo (caso da conversa da
directora da escola com um já adulto Marvin, em que ela diz muita coisa, mas
que no fundo não diz nada). Pretensiosa é também a peça gay a que Marvin
assiste; já a sua própria peça, apesar de parecer chata, é plasticamente
interessante.
Como o pequeno Marvin, Jules Porier dá ao seu personagem
sensibilidade e uma profunda solidão. Como o já adulto Marvin, Finnegan
Oldfield dá ao seu personagem uma constante sensação de infelicidade e de alguém
perdido no mundo em que vivemos. Sem dúvida que o Marvin adulto tem uma postura
estranha e dificuldade em integrar-se, o que faz todo o sentido devido ao seu
passado. No papel de ela própria, Isabele Huppert dá-lhe o apoio que ele
necessita e Catherine Salée é credível como a genuinamente interessada
directora da escola.
Graficamente, não é um filme gay que vá chocar as mentes
mais fechadas e a história que conta é universal.
Classificação: 6 (de 1 a 10)
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