A História: No início dos anos 90, em
Paris, um grupo LGBT activista de nome ACT UP, luta para que o governo e as
farmacêuticas façam algo para combater a epidemia da SIDA. Sean, um
seropositivo, é um dos membros fundadores do grupo e Nathan um dos novos;
juntos encontram o amor.
O Filme: Apesar de tudo o que se
tem dito, escrito e filmado sobre a SIDA, a triste realidade é que continua a
ser vista como uma doença quase exclusiva dos gays e drogados. Daí ser
extremamente importante que se continuem a fazer filmes como este, que lembrem
a todos que a SIDA ainda existe e que ainda há muito a fazer para a combater.
Felizmente, mas mãos do realizador/argumentista Robin
Campillo (que já nos tinha dado o interessante EASTERN BOYS) não é um panfleto político,
mas sim uma visão muito simples, sem qualquer tipo de subterfúgios, sobre a
realidade de uma época onde o fantasma mortal da SIDA espreitava em cada canto
e onde o desconhecimento da mesma levava à sua elevada propagação.
Nessa altura, na comunidade LGBT, muitos foram os que
morreram e Campillo filma-os com dignidade, respeito e sensibilidade, nunca
procurando o efeito choque; os toques de humor ajudam bastante a fugir ao
dramatismo do tema ou à possível lamechice.
O elenco, um verdadeiro exemplo de talento e naturalismo,
é todo ele excelente. Destaque para um extraordinário Nahuel Pérz Biscayart
como Sean, um jovem cheio de vida, mesmo sabendo que a sua morte pode estar próxima.
No papel de Nathan, Arnaud Valois é reservado e apaixonado. Adéle Haenel é um
furacão de energia como Sophie e Antoine Reinartz dá-nos um por vezes
irritante, por vezes simpático, mas sempre bem humorado Thibault,.
Como seria de esperar, o filme tem algumas cenas de sexo,
mas estas nunca são gratuitas e são filmadas com sinceridade e sem medos. Os
actores que participam nelas estão completamente à vontade, dando-lhes grande veracidade.
Apesar de falar da morte, é um filme sobre o estar vivo e
como devemos lutar pelos nossos direitos. A morte assombra a comunidade LGBT,
mas os seus membros não se entregam a ela, continuando a viver as suas vidas e
a ter esperança num futuro melhor. É um filme onde uma cena de masturbação
consegue ser comovente e, sem querer revelar o final, onde um falecimento não é
visto como uma tragédia, mas sim como mais uma razão de luta.
O filme peca por ser demasiado longo (talvez as cenas da
discoteca pudessem ser mais curtas), mas que isso não os desmotive de o irem
ver. É um filme importante, não é chato e o jovem elenco merece a vossa visita.
Classificação: 8 (de 1 a 10)
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