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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

120 BATIMENTOS POR MINUTO (120 Battements par Minute) de Robin Campillo

A História: No início dos anos 90, em Paris, um grupo LGBT activista de nome ACT UP, luta para que o governo e as farmacêuticas façam algo para combater a epidemia da SIDA. Sean, um seropositivo, é um dos membros fundadores do grupo e Nathan um dos novos; juntos encontram o amor.

O Filme: Apesar de tudo o que se tem dito, escrito e filmado sobre a SIDA, a triste realidade é que continua a ser vista como uma doença quase exclusiva dos gays e drogados. Daí ser extremamente importante que se continuem a fazer filmes como este, que lembrem a todos que a SIDA ainda existe e que ainda há muito a fazer para a combater.
Felizmente, mas mãos do realizador/argumentista Robin Campillo (que já nos tinha dado o interessante EASTERN BOYS) não é um panfleto político, mas sim uma visão muito simples, sem qualquer tipo de subterfúgios, sobre a realidade de uma época onde o fantasma mortal da SIDA espreitava em cada canto e onde o desconhecimento da mesma levava à sua elevada propagação.
Nessa altura, na comunidade LGBT, muitos foram os que morreram e Campillo filma-os com dignidade, respeito e sensibilidade, nunca procurando o efeito choque; os toques de humor ajudam bastante a fugir ao dramatismo do tema ou à possível lamechice.
O elenco, um verdadeiro exemplo de talento e naturalismo, é todo ele excelente. Destaque para um extraordinário Nahuel Pérz Biscayart como Sean, um jovem cheio de vida, mesmo sabendo que a sua morte pode estar próxima. No papel de Nathan, Arnaud Valois é reservado e apaixonado. Adéle Haenel é um furacão de energia como Sophie e Antoine Reinartz dá-nos um por vezes irritante, por vezes simpático, mas sempre bem humorado Thibault,.
Como seria de esperar, o filme tem algumas cenas de sexo, mas estas nunca são gratuitas e são filmadas com sinceridade e sem medos. Os actores que participam nelas estão completamente à vontade, dando-lhes grande veracidade.
Apesar de falar da morte, é um filme sobre o estar vivo e como devemos lutar pelos nossos direitos. A morte assombra a comunidade LGBT, mas os seus membros não se entregam a ela, continuando a viver as suas vidas e a ter esperança num futuro melhor. É um filme onde uma cena de masturbação consegue ser comovente e, sem querer revelar o final, onde um falecimento não é visto como uma tragédia, mas sim como mais uma razão de luta.
O filme peca por ser demasiado longo (talvez as cenas da discoteca pudessem ser mais curtas), mas que isso não os desmotive de o irem ver. É um filme importante, não é chato e o jovem elenco merece a vossa visita.

Classificação: 8 (de 1 a 10)



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