A História: Desde miúdo que Alex sonha em ser um dia Miss França. Ficando órfão muito jovem, a vida não lhe tem sido fácil, mas ele não desistiu do seu sonho. Com a ajuda de um grupo de amigos, ele enche-se de coragem e concorre a Miss, conseguindo ser apurado para a grande final.
O Filme: Em 2013, o realizador e argumentista, Ruben Alves surpreendeu todos com o seu A GAIOLA DOURADA, um grande sucesso de público em França e por cá também. Tivemos que esperar sete anos pela sua nova longa-metragem, mas valeu a pena!
Com humor, sensibilidade e habilidade ele pega em temas tão diversos como sexualidade, emigração, prostituição, família, homofobia e dá-nos uma comédia deliciosa, onde as gargalhadas são muitas, mas onde há também lugar a lágrimas e a drama. Os diálogos estão muito bem escritos e são muito engraçados, perfeitos para a colorida galeria de personagens que vivem esta história. Sente-se bem o carinho e o respeito que Alves tem por todos eles. É um filme que nos fala da importância do respeito e da tolerância pela diferença dos outros, mas sem discursos moralistas ou qualquer tipo de pretensiosismo.
Alves é, como já tinha demonstrado no seu filme anterior, um excelente director de actores, não deixando nenhum ficar mal, independentemente da sua importância para a história. O jovem Alexandre Wetter é uma revelação como o frágil, mas corajoso Alex; é um prazer acompanhar a possível realização do seu sonho. Pascale Arbillot vai muito bem como a dura mas empática Amanda, a responsável pelo concurso. Mas o filme é praticamente “roubado” por Isabelle Nanty como a bruta, com coração de ouro, Yolande, a senhoria de Alex, e, principalmente por Thibault de Montalembert como a louca e divertida Lola, um travesti meio decadente, mas que nunca perde a sua dignidade.
Será uma pena que este filme se perca no meio do COVID, pois merecer ter tanto ou mais sucesso que A GAIOLA DOURADA. Especialmente atraente à comunidade queer, o filme é muito mais que isso, pois conta-nos uma história universal sobre o poder dos sonhos, da força da amizade e a importância da família, seja ela qual for. Alves podia ter caído na lamechice, mas evita-a sem problemas e dá-nos um final perfeito. Se as lágrimas vos vierem aos olhos, não tenham vergonha, é sinal de que estão vivos e capazes de sentir a emoção dos outros. Só espero que o próximo filme de Ruben Alves esteja para breve. A não perder!
Classificação: 8 (de 1 a 10)
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